Na louca correria do dia a dia facilmente nos podemos extinguir silenciosamente ..., podendo o nosso Eu ficar camuflado nalguma gaveta interna ...

Na louca correria

Na louca correria do dia a dia
eu só quero um pouco de paz.

Na louca correria do dia a dia
eu só quero encontrar-me,
não sentir que o tempo me engole,
não sentir que as exigências me esmagam,
não sentir que me exijo o impossível,
e que isso me retira a criatividade
e não acrescenta em mim o essencial.

Na louca correria do dia a dia
os outros me olham com olhos de peixe gigante,
e perguntam-se bem lá no fundo,
mesmo sem darem conta, ou dando,
por que é que ele corre tanto?!!!!
por que é que nesta louca correria,
ele não intui que existe
uma infinidade de pequenas grandes coisas que lhe escapa?!

Na louca correria do dia a dia
o tempo não avisa do tempo que o tempo tem
ou já deixou de ter! Mas ele está aí para ser vivido!

Na louca correria do dia a dia
a vida não espera, nem volta onde se pensa poder voltar!
Mas apela a ser vivida, simplesmente vivida, no seu esplendor de coisas simples e belas!

Na louca correria do dia a dia
existem bem silenciosos sonhos à espera,
algures nalguma gaveta ou prateleira interna,
à espera que o que se põe à frente sem pensar,
não obstrua a oportunidade de avanço

do que se vai deixando para trás 

quase indeterminadamente.

A louca correria do dia a dia,
até quando?!
Porquê?!
Para quê?!
Onde me levou,
onde me leva?!

Carla Xavier

A tão (in) visível dor psíquica 

A tão (in) visível dor psíquica

A dor psíquica, esta passa despercebida a muitos ou mesmo à maioria,

A dor psíquica consegue apresentar cara por fora quando por dentro já nem cara consegue ter,

A dor psíquica consegue partir a paciência, o humor, o desejo, a capacidade de agir e de criar em estilhaços bem afiados,

A dor psíquica poderá e é muitas vezes silenciosa, não para o próprio, nem muitas vezes para os familiares;

mas bem a seu lado poderá encontrar-se alguém que dia a dia procura não se desmoronar, não se despedaçar, aguentar, só mais um pouco, mais um pouco, insustentável, remando em marés instáveis e imprevisíveis....

não tem rosto, mas poderá gritar num grito contido, que aprisiona, espartilha, sufoca, faz perder a esperança ou ter medo de.... quase tudo ou tudo?!

Carla Xavier